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Na expectativa para começar o TEDx Jovem@RuaAugusta (foto: www.facebook.com/pages/TEDx-Jovem-Rua-Augusta) |
Por Camila Mikie Nakaharada
Compartilhar é preciso. É o que vem na cabeça depois de uma
tarde inspiradora no TEDxJovem@RuaAugusta, na Escola São Paulo, que aconteceu
no primeiro sábado de março, 02/03. Para quem não conhece, a rua Augusta é “uma das ruas
mais democráticas, onde convivem diversas tribos, desafios e soluções” – como
descreveram palestrantes e organizador . Onde a vida ocorre, corre e se
encontra. “Me gusta rua Augusta”, estava rabiscado na parede de vidro do
auditório. E, refletindo tudo isso, foi aí que a Escola São Paulo nasceu.
André Gravatá, veterano de palco e bastidores de TEDx, explica o tema, que
desde a inscrição já convidava para a reflexão. Quem nunca se perguntou Como transformar ideias em prática? E o
que é a prática se não atitudes, tema do TEDxVer-o-Peso? Na verdade, todos os
TEDx estão conectados, afinal, são ideias que merecem e precisam ser compartilhadas.
E esse post com seus hiperlinks tenta cumprir essa missão.
Plateia cheia, começamos a tarde com o olhar pela beleza do
mundo: trata-se da capacidade do deslumbramento sobre as pequenas coisas
cotidianas que os poetas nos fazem enxergar. Com o tema Poesia ao redor, Alexandre Oyamada citou, por exemplo, que para
Manoel Barros, uma árvore em pé não é só uma árvore em pé, mas é todo
encantamento de como “o chão pare a árvore”. Transformou essa ideia no
movimento Mais Poesia,
pelo qual qualquer pessoa pode baixar e espalhar mais poesia pela cidade. É um convite para religar as pessoas à
poesia, refinando o olhar. Assim, estabelecendo relações, nos encontramos com
os outros e consigo mesmo.
Do encontro de paixões pela arte da transformação, Naná e
Dani colocaram brincadeira em prática. Naná tinha um sonho (não sei se ainda
tem) de ser mecânica de discos voadores e Dani acredita em uma educação
inspiradora e amorosa. Desse encontro, com uma super sintonia, na palestra Mãos criativas e cabeça inteligente, contaram
como nasceu o TooDo Eco,
transformando o lixo “que de tão comum, tornou-se invisível” em brinquedos
educativos, com materiais 100%
reciclados.
Tony Marlon compartilhou sua jornada de Não querer mais mudar o mundo e ir lavar meu próprio prato por meio
de citações de músicas, familiares e amigos, como o Dimas Reis: “Já parou para
pensar que a pergunta é um convite para o outro existir?”. Foi assim, com insights
de um olhar atento para a beleza do mundo -dos segredos que a vida sussurra em
nossos ouvidos- que transformou a ideia de uma comunicação que informe, inspire
e mobilize na incrível Escola de Notícias.
Aí as irmãs Camila e Anna Haddad contaram sobre uma outra
escola. Dessas que a gente conhece, onde nos ensinam que tudo deve ter um
padrão e árvores simplesmente não podem ser pintadas de amarelo e ter um
pirulito ao lado de um elefante (do tamanho da árvore). Com a ideia fixa que a
vida deveria ter um propósito e motivação, decidiram Agir primeiro e refletir depois. Essa é a essência do processo de
desescolarização que Camila compartilhou e junto com a irmã colocou em prática na
start up Cinese, porque “é
dividindo que o conhecimento se multiplica”. Do grego, kínesis é movimento,
mudança, agitação da alma no mundo.
Pode ser que você não tenha os materiais que acha que
precisaria. Pode ser que ainda não tenha a visibilidade que gostaria. Os outros
podem te chamar de louco. Ou então, ouvir o que dizem na escola, “você não pode
sair do seu quadrado”. Alexis Anastasiou
achou tudo isso um bom sinal, e disposto a quebrar a cara –esse foi um de seus
principais conselhos- colocou em prática o Vídeo Guerrilha:
megaprojeções que saem de qualquer quadrado convencional para a arte invadir o
cotidiano. Arte que deslumbra, transforma faixadas, reinventa espaços urbanos,
como a própria Rua Augusta. Essas projeções gerando olhares curiosos lembraram
o Projeto #Symbiosi, apresentado por Roberta Carvalho no primeiroTEDxVer-o-Peso.
No intervalo, passamos por uma compressão do tempo. O que
deveria durar 20 minutos, durou pouco mais que 5 minutos, tenho certeza. Ou
mentiram para nós, ou o papo estava muito bom. Nas paredes de vidro do
auditório onde rolava o TEDx, fomos convidados a fazer mais conexões. Cada um
escrevia “PRECISO DE...” entender mais
português/conhecer pessoas novas/ produtor para documentário. “CONTRIBUO
COM...” livros/ audiovisual/ nome pra sua
marca, pro seu filho /“CONTATO...” muitos contatos! Tudo para transformar ideias em prática.
O segundo bloco começou com Marcelo Yuka, que falou sobre o
“não sei”. Parece que sabia. Falou das formas de amor. Marcelo compartilhou
influências, experiências, ilusões da indústria cultural e “da certeza das
incertezas”, sobre o ser humano e ser humano, com seus defeitos e fragilidades.
Nesse caminho, pelo qual todos passamos, são decisões práticas que devemos
tomar, baseados no que temos, vemos, sentimos e que pode ser bom para o outro.
E isso é uma forma de amor. Um ato corajoso. E de tudo, só restam encontros.
Em seguida, Ivan Arcuschin apresentou o presente da Escola
São Paulo para a Rua Augusta. Embrulhado pela vontade de ser muitas coisas ao
mesmo tempo, com laços de criatividade e inovação, o LAB São Paulo é uma ideia para revitalizar a vida nas ruas, tanto das fachadas quanto a que
está presente em cada pessoa.
Outro presente para a cidade de São Paulo é o Festival
“colaborativo, horizontal, independente e auto-gestionado” Baixo Centro. Com a ideia de que
“Espaços públicos devem ser públicos”, colocaram em prática o festival, que
conta com uma “curadoria de cuidadoria”, para cuidar de todo mundo que se
inscreve (começou com 150 e esse ano foram mais de 500). Acreditam que a rua “é
o local do encontro, não de passagem ou do medo”, nem da especulação
imobiliária, por isso, ocupam as ruas com atividades e intervenções artísticas,
conversas, performances.
Que mistura boa! E por causa de tanta mistura, os pais de Marcela
Coelho chamavam sua vontade de se envolver em diversos projetos de “falta de
foco”. Ela chamava de “múltiplas causas”. No vídeo Sonho Brasileiro, ela encontrou
um jeito de explicar para o pai: era uma “jovem-ponte”. Enquanto o mundo dizia
não, ela resolvia seguir os conselhos de Desmond Tutu, o caminho do “Por que
não? Por que não construir pontes ao invés de muros?”. Empreendedores utopias não é contraditório, é o sonho levado a
tantos outros jovens através da Semana Global do Empreendedorismo.
Como transformar ideias em praticas? “Gandhi dizia: ‘Seja você a mudança que
quer ver no mundo’, pode parecer clichê, mas é verdade, não há outro caminho”,
encerrou Marcela.
Quando disseram que era a última palestra, parecia mentira. Carlos
Inada e Jackson Ducorre apresentaram um dos desdobramentos do prêmio vencedor
do TED 2011, o Inside Out, do artista JR. Um projeto que quer virar o mundo do avesso
através da arte.
Com a ideia da Arte, comunidade e nossa
humanidade compartilhada, Carlos coordenou o Inside Out São Paulo,
no Moinho em 2012, na época que a favela sofreu um grande incêndio. Junto com o
rapper Jackson, o Inside Out Rap Comunidade quer mostrar a face humana, com imagem e ricas histórias, uma humanidade
compartilhada. Esse novo significado para a fotografia fez lembrar a palestra
do nosso curador do concurso Imagens que Renovam, Alexandre Sequeira, no
TEDxAmazonia. Já fizeram projetos juntos com o Vídeo Guerrilha e o próximo projeto é na
Baixada Santista, na área continental de São Vicente.
Compartilhar ideias, sinapses revolucionárias, projetos
malucos, super talentos, sonhos do tamanho da Rua Augusta, de São Paulo ou do
Brasil, poemas e segredos da vida, formas de amor. É esse o espírito do TEDx. Acreditamos no
poder que esse evento tem para inspirar, fazer refletir, transformar ideias em
atitudes que renovam. Foi tudo isso que motivou compartilhar um pouco do que foi o
TEDx Jovem@ Rua Augusta, em forma de alegria e agradecimento. É também esse espírito que move cada um do time de realização para construir esse TEDxVer-o-Peso para a cidade de Belém.
Já viram quem serão nossos palestrantes? Conhecem seus projetos? Quais ideias eles trarão para Belém? Como será ver de perto tanto brilho nos olhos? Quantas pessoas incríveis irão se conhecer
e compartilhar boas histórias? Está chegando! Nós estamos ansiosos! E vocês?
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