Mariana e Alice mostram uma pequena parte da rede que se formou
entre as pessoas que participaram da primeira edição do TEDxVer-o-Peso
em Belém, em 2011. Crédito: Karina Miotto
* por Peri Dias
“Um dia ele chegou tão diferente do seu jeito de sempre chegar/ Olhou-a de um jeito muito mais quente do que sempre costumava olhar / E não maldisse a vida tanto quanto era seu jeito de sempre falar / E nem deixou-a só num canto, pra seu grande espanto convidou-a pra rodar”
Os versos que abrem a música Valsinha, de Chico Buarque, além de lindos, descrevem bem a sensação que me dá, quando penso no que Belém tem a ganhar com um TEDx.
Este não é um evento para gerar obras faraônicas, como a Copa, ou para lotar hotéis com milhares de turistas, como uma grande feira de negócios, mas é a ocasião certa para trazer às pessoas de Belém, e também às de fora, um olhar inédito sobre a cidade. É a chance de enxergar nela uma expressão diferente, sentir um perfume que não se conhecia, perceber uma graça que não se via até então. Participar do TEDxVer-o-Peso é como tirar Belém para uma valsinha. E vê-la rodar, rodar, rodar.
Nos mais de mil locais do mundo que já receberam um TEDx, o espírito sempre foi esse: reunir pessoas interessantes, criativas e inspiradoras para falar de temas relevantes e que tenham um certo sabor local.
Os palestrantes do TEDx muitas vezes são figuras anônimas da cidade onde o evento se realiza. Circulam todos os dias por aquele cenário, com suas histórias incríveis escondidas atrás do vaivém louco dos dias comuns. Você até pode ter esbarrado em algum palestrante nesses dias comuns, mas sem chance de saber que esse cara pode mudar sua visão de mundo só contando um “causo” simples da vida dele.
Outros palestrantes vêm de fora, dos mais diversos cantos do mundo, prontos para falar de ideias bacanas e ouvir outras ainda mais intrigantes. Soma-se a isso a contribuição dos participantes do TEDx, em sua maioria gente daquela comunidade que hospeda o evento, carregados de conteúdo e estimulados, pelas palestras que assistem, a absorver, refletir e compartilhar as novidades em que pensaram. No meio disso tudo, performances de artistas e discussões online sobre o que está acontecendo naquele exato momento ajudam a engrossar o caldo. Como resultado, gente que normalmente não se falaria ou nem se conheceria tem a chance de se encontrar, se expressar, pensar de maneira inovadora sobre temas que muitas vezes afetam aquela cidade e, no fim do evento, sair por aí, disseminando o que entenderam e transformando a realidade local.
Na Valsinha de Chico Buarque, conforme a letra se desenrola, percebe-se que só o fato de o homem olhar para sua mulher de um jeito diferente provoca uma mudança nela, que fica mais vaidosa. Depois a mudança se reflete nos dois, que saem de braços dados pela praça, e a onda de carinho vai se espalhando pela cidade, até atingir o mundo, que finalmente amanhece em paz.
Não quero ser tão otimista a ponto de achar que um evento pode mudar o mundo (bem, em alguns casos até pode...), mas certamente ele pode gerar a tal onda de “novos olhares” sobre a cidade, sobre o planeta e sobre cada um individualmente. E quando pessoas interessantes e habilidosas, como as que comparecem ao TEDx, recebem uma injeção de ideias inspiradoras, pode ter certeza que daí vai sair coisa boa.
Frase escrita no mural do evento passado
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